domingo, 3 de agosto de 2008

We Are The Custard Pie Appreciation Consortium

Só houve um artista musical no genial 1968: o LSD. É mais ou menos como os livros psicografados: White Album, LSD psicografado por Beatles; LSD, psicografado por Syd Barret, e por aí vai. Um grande autor, morto há tempos e substituído pela cocaína que fez aquele estrago todo nos anos 70.

Diz-se que o uso do ácido potencializa sentimentos. Como o uso foi generalizado, cada país respondeu de um modo: os franceses protestaram ainda mais do que o normal, os italianos começaram a consumir rock progressivo alucinadamente, os suiços permaneceram suiços, os alemães foram fazer terrorismo, os americanos extravasaram seu vazio ficando nus nos parques (mas alguns se sobressaíram), os russos invadiram um vizinho, os brasileiros baixaram o AI-5 e os britânicos se tornaram ainda mais britânicos, o que é tão genial quanto o mundo pode atingir.

Digo isto enquanto ouço um álbum que descobri hoje. É animador, mas também vergonhoso, descobrir uma banda dos anos 60 nesta altura da vida. Não que eu não conhecesse The Kinks: só nunca tinha entrado a fundo na carreira deles para sair das músicas mais conhecidas e descobrir o álbum mais genial da história, The Village Green Preservation Society. Genialidade britânica em seu auge.

Não surpreende que o álbum não não tenha feito sucesso algum na época do lançamento. Enquanto alguns cantavam a revolução e outros falavam de gnomos, The Kinks apareceu com um álbum amalucado que misturava sarcasmo com saudosismo, letras brilhantes e músicas sensacionais - "help save the little shops, chinese cups and virginity" não parece ser um bom lema para 1968. Um álbum que poderia ser filho de Syd Barret com Simon & Garfunkel e Dylan Thomas. Suruba perfeita. Quem não conhece - como eu não conhecia até hoje - com certeza está tendo uma vida menos feliz do que poderia. Eu ainda tento entender como sobrevivi tanto tempo sem esse álbum (pra não falar do seguinte, Decline and Fall of the British Empire, outra obra-prima).

Mas, bem, isso me traz de volta a 1968. Um top 5 álbuns de 1968 deve ser refeito para encaixar a obra-prima. Claro que o autor é sempre o LSD, mas vou rankear por artistas que psicografaram as obras.

Top 5 álbuns de 1968

1. The Village Green Preservation Society - The Kinks
2. A Saucerful of Secrets - Pink Floyd
3. Os Mutantes - Mutantes
4. The White Album - The Beatles
5. Bookends - Simon & Garfunkel

5 comentários:

Unknown disse...

Mudou o nome do blog?

Eu colocaria Beatles mais pra cima nesse top5 :P

Dr. Edward Pointsman disse...

Mudei, ecos de 68 na minha mente...

Olha, o white Album tem coisas brilhantes, mas não funciona tanto como um álbum, mais como uma coletânea muito doida. Por isso, um pouco mais pra trás. Sgt. Pepper's ou Abbey Road ficariam melhor colocados.

Taisa Sganzerla disse...

Só vale álbum de rock, é? Porque na minha lista entraria fácil Dusty in Memphis, de Dusty Springfield.
Não fiz um top5 álbums de 68 ainda. Mas gostei do seu. Concordo total com bookends e mais ainda a respeito do white album; além de não funcionar muito como álbum, vieram umas coisas ruins no pacote, tipo Honey Pie (e não Wild Honey Pie) e aquela lá do Ringo. É possível que algumas das minhas músicas preferidas dos Beatles estejam ali, mas talvez eu prefira apreciá-las avulsamente.
Me intriga, por sinal, o^fato de você não ter incluído aí o segundo do Velvet Underground, o qual tem um alto grau de maluquice.
Como eu não sou muito fã de maluquice, talvez eu incluiria no meu top5 o Beggars Banquet e o primeiro do Creedence - não atire em mim!

Taisa Sganzerla disse...

Aliás, falando nessa história de Honey Pie, creio que Wild Honey Pie foi concebida como uma revolta de John com a babaquice que é Honey Pie, obviamente feita por Paul. É sabido que a gravação do White Album se deu entre constantes brigas, então acho que a história se aplica. Nesse caso, a patética Honey Pie tem algum mérito então visto que deu origem a sua irmã sensacional.
Mas a de Ringo não tem salvação. Esqueci o nome, mas me sinto cansada quando ouço. E ainda falam de Ob-la-di Ob-la-da! Mas eu não gosto desta também. Aliás, será que vale fazer um top5 piores músicas dos Beatles (pós-67, é claro)?

Dr. Edward Pointsman disse...

Não é só rock não, vale tudo. Num Top 5 de 1963, por exemplo, entraria o Monk's Dream, do Thelonius Monk, e o The black Saint and The Sinner Lady, do Charles Mingus (e nenhum Beatles, claro). Mas depois o rock ficou bom e destruíram o jazz, embora o flerte com o rock tenha produzido belas coisas - o álbum de estréia do Soft Machine merece uma menção honrosa em 1968.

A música do Ringo - vamos deixá-la sem nome - é das piores coisas já produzidas na história. E o Paul tá chato demais no álbum todo, mas ali dentro tem algumas das melhores coisas que os Beatles fizeram. Dava pra enxugar, fazer um lado só, acho que ficaria bem bom. Álbum mesmo, com coesão, eles só fzieram dois: Sgt. Pepper's e Abbey Road - este último uma obra-prima. Revolver é o meu preferido (Eleanor Rigby é uma espécie de Super Trunfo, me faz perdoar tudo de chato que o Paul fez) mas não é o melhor. O resto, funciona bem numa coletânea pessoal qualquer.

O Velvet é bom, mas acho que eu nunca entedi aquilo completamente. Falha minha. Alguém disse que é a bagunça mais elegante que já foi feita. Bagunça elegante pra mim é, sei lá, King Crimson ou Mahavishnu Orchestra. Eu tenho um carinho especial pelo Velvet Underground & Nico, mas é de 1967 e aí não dá nem pro cheiro num Top 5.

Ah, e Rolling Stones são meus inimigos pessoais, como o Spielberg. Longe de serem ruins, mas de birra nem considero - vivo tendo pesadelos com aquela figura senil se mexendo como uma linguiça na praia de Copacabana.