quarta-feira, 16 de julho de 2008

Dos Grandes Clássicos Que Não Li

Os 10 Pecados de Paulo Coelho - Eloésio Paulo

"A leitura de Os 10 pecados... é um convite à reflexão a respeito das amplas possibilidades da mistificação no ambiente cultural contemporâneo. E, embora teoricamente despretensioso, promete conter também a principal explicação para o sucesso internacional de Paulo Coelho."

"A maior obra de Paulo Coelho é Eu nasci há dez mil anos atrás. Entre os livros e um Fish 'n
Chips, fico com o segundo" - Dr. Edward Pointsman, KBE

O meio cultural não é um lugar para os humildes. Todos acreditam que, no fundo, são muito melhores que os outros, mesmo os de mais sucesso e, por um detalhe do destino (ou ignorância das massas), não fizeram o sucesso que mereciam. Um ambiente marcado pela subjetividade é, óbviamente, propício a isso. Não dá para se achar o Deus da Matemática sem conseguir resolver uma integral um pouco mais complicadinha, embora seja possível olhar com desdém o estupendo Reparação, do McEwan, achando que não é lá grandes coisas e uma imenso plágio de um livro infanto-juvenil japonês (não foi bem isso mas, metaforicamente, foi).

Do alto de nossa arrogância é claro que desdenhamos, e muito, de Paulo Coelho. Desdenhamos tanto que nem chegamos a falar sobre ele, certo? Talvez as únicas vezes que tenha falado sobre PC tenha sido em conversas com européias (e o que não fazemos por elas, não é mesmo?), que costumam ler e gostar do bruxo (sic) - e depois do bruxo do Cosme Velho o termo deveria ser aposentado como se faz com as camisas de grandes jogadores de basquete nos EUA. De resto, um silêncio total mostrando que muitas vezes não vale a pena visitar o mundo de Hades literário nem mesmo bêbado às três da manhã.

Mas, bem, temos aqui um professor-doutor de uma universidade federal escrevendo um livro sobre PC, supostamente despretensiosamente. O que o levaria a isso? Talvez seja um preguiçoso como nosso amigo francês, fingindo ler Cortázar perante os seus mas consumindo vorazmente a obra de Sydney Sheldon escondido no porão de sua casa. Talvez seja um imenso rancor - por quê ele e não eu? - e, já que não me vendo sozinho, vamos embarcar na fama de alguém. Fico com as duas.

Mas vamos ao livro, e nada melhor do que uma análise dos seus pecados:

1. Não se fala sobre quem se despreza
2. Não se despreza quem se inveja
3. Não se inveja quem não presta
4. Não se discute Paulo Coelho, se aceita Paulo Coelho como um fenômeno de massas
5. Seja construtivo e não destrutivo
6. Não se compara Paulo Coelho aos "cultos neopetencostais cujo poder midiático já inquieta a democracia brasileira"
7. Não se lê Paulo Coelho nem uma vez, quanto mais inúmeras
8. Paulo Coelho é músico, não escritor
9. Não esconda uma obra pretensiosa numa suposta humildade - "escrevi isso enquanto esperava minha conexão para Denver no aeroporto de Atlanta"
10. Nunca, jamais, em hipótese alguma, uma pessoa terá a "principal explicação" para coisa alguma - e Popper já nos ensinou que mesmo os melhores teoremas só são definitivos enquanto não forem falseados

Mas por quê mesmo estamos falando desse livro?

Vou colocar minha coletânea do Raul Seixas...

3 comentários:

Pedro Eboli disse...

O chegada do novo blog deste grande intelectual e PhD enche-me de alegria e de um despudorado ímpeto de correr desnudo pelas ruas da cidade.

Bem-vindo de volta. Que esta nova maquinação lhe traga muitas pinhatas repletas ao máximo de suas capacidades com doces balas de melão.

Dr. Edward Pointsman disse...

E que o bafo inexorável da morte não sopre em nossos pescoços!!!

Pedro Vieira disse...

"inexorável"?

onde vcs aprendem essas palavras?