segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dos Grandes Filmes Que não Verei

Novo Filme de Steven Spielberg - julho de 2011

O que dizer de mais uma parceria de Spielberg e Tom Hanks no cinema?

Não satisfeitos em atormentar a humanidade com pérolas de ruindade tais como Prenda-me se For Capaz, O Resgate do Soldado Ryan e o incrível O Terminal, a dupla retorna em grande estilo neste filme que vem batendo recordes de arrecadação nos Estados Unidos.

É verdade, como certa vez disse um grande amigo, que no Brasil, o que é popular é ruim, sempre. Mas isso é uma meia verdade: nos Estados Unidos, acredito, também.

Tom Hanks é um dos clássicos atores que poderiam ter sido mas não foram. Tivesse mantido o brilhantismo de começo de carreira, estaria hoje entre os grandes heróis americanos ao lado de nomes como Steve Buscemi e Bill Murray. Ao invés disso, o máximo que consegue é dar nome a gatos de quarentonas solteiras.

Já Spielberg é o criador que já foi mas deixou de ser há muito tempo. Está preguiçoso, coração mole - um tubarão devorando pessoas por aí vai aterrorizar crianças, oh céus! - e um tantinho lento, aparentemente, por ter que explicar demais as coisas. Uma pena, mas algo aconteceu com a talentosa geração de diretores surgida nos anos 70 e que hoje vive da fama e na preguiça - vide Coppola (este, ao menos, faz vinhos) e Scorcese.

Pois a junção de um ator medíocre com um diretor preguiçoso não poderia dar outra coisa que não um filme popular e muito ruim. Tom Hanks quer ser fofinho e engraçado mas só fica realmente engraçado quando tenta ser um ator sério. Spilberg abusa do clichê, da "emoção" e da trilha sonora de John Williams. Deveriam trancá-lo numa sala por uma semana ao som de Ennio Morricone para ver se daria alguma solução.

O filme até tenta começar bem: Tom Hanks faz o papel de Elliot, um executivo que perde sua filha numa montanha russa em um parque de diversões de Nova Iorque. Segue-se um leve desespero até que ele resolve adotar uma pequena menina afegã muito parecida com a sua filha.

A partir de então, inicia-se um tremendo blah blah à la "americano ensina afegã coisas "civilizatórias"; afegã ensina americano a ter coração". O executivo que "acordava e deixava o coração na gaveta todo dia antes de ir ao trabalho" passa a dizer bom dia aos passarinhos, a agradecer as pessoas, a sorrir na fila do banco e mais um monte de coisas. Nessa hora o não-talento de Tom Hanks aparece com maior nitidez e o filme, involutariamente, se torna engraçado pra burro.

A menina se torna adulta, se forma em Harvard e é a pessoas mais legal do mundo - feliz, inteligente, engraçada, amorosa, pró ocupação do Iraque. Após a formatura, resolve ajudar as pessoas de seu país natal.

Uma nova perda na vida de Elliot? Logo agora que ele estava prestes a ganhar de vez o coração do Mágico de Oz?

Não, Spielberg não pode deixar a família americana na mão! A menina afegã se vai, segue-se um leve desespero e então - coloquem a música do John William no máximo!!! - sua filha reaparece. Confesso que as lágrimas me impediram de ver o filme por uns 5 minutos (mas não de ouvir a desgraçada da música). Lágrimas de tanto gargalhar, claro.

Os últimos 30 minutos são o momento "atenção todo mundo, vocês também podem se tornar pessoas melhores!", misturado a explicações sobre o desaparecimento da menina numa cena que poderia perfeitamente estar em algum Scooby-Doo - "meu plano estava indo muito bem até aparecerem esses intrometidos". E mais John Williams, e mais patetice na atuação de Tom Hanks e...acabou! Ufa...

Ao final, todos sorrindo e a certeza de que em alguns minutos tudo aquilo já terá sido esquecido.

Ah sim, a cotação do filme é uma cadeira vazia. O bonequinho, sabiamente, não foi. Preferiu ficar no café ao lado do cinema relendo A Menina no Tempo, do McEwan, se perguntando se algum dia Spielberg o leria...

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