terça-feira, 29 de julho de 2008

O Mundo é um Circo

A grande graça do Batman novo é que o Coringa é quase um personagem do Pynchon, solto ali, no meio de tantos normais. Sozinho, ele é capaz de transformar um filme que deveria ser apenas ok em uma epopéia caótica como há muito nao vejo.

Leibniz foi uma espécie de filósofo - Pollyana: acreditava que vivíamos no mais perfeito dos mundos. Foi preciso Voltaire (e o terremoto de Lisboa, dizem) para acabar com a palhaçada: Cândido ou O Otimista é uma das mais geniais obras de destruição satírica de todos os tempos. E, o que é melhor: não propõe nada. Esqueça o mundo maravilhoso: é o caos, e pronto.

A tentativa de domar o caos no mundo é, apenas, um modo de chatear ainda mais as coisas. Para quê esperar que tudo siga uma ordem pré-estabelecida?

Em um dos melhores episódios de Bob Esponja, Lula Molusco, cansado, se refugia em um local maravilhoso onde todos são iguais a ele. Um tempo depois, cansa tanto daquilo que resolve fugir antes que desse um tiro na cabeça e volta ao convívio com Bob Esnponja e Patrick. Não há tanta diferença entre o Coringa e o Bob Esponja.

Em oposição ao mundo de Lula Moluscos há o mundo de Pynchon: paranóico, absurdo, caótico. Não chega a ser o mundo como ele é - embora, em alguns momentos, ele realmente fique assim - mas é o mundo como ele deveria ser. Melhor dos mundos é uma ova: vamos bagunçar esse negócio!

Se não temos um Coringa no mundo real (não?), temos alguns exemplos de pessoas que tornam tudo mais divertido mesmo em condições que, seguidas as regras, deveriam ser uma chateação só. Vejam o Hugo Chavez: o cara é capaz de levar qualquer um às gargalhadas. Em meio a enfadonhas cúpulas presidenciais, é o único do qual se pode esperar qualquer coisa que preste - até mesmo levar um rei a loucura. Em contraponto, imaginem um mundo onde todos os líderes são o Gordon Brown ou o Jaques Chirac? Eu não sei vocês, mas eu daria um tiro na cabeça.

Por quê nossos vilões reais não podem ter senso de humor? Quem precisa de um sujeito como o atual presidente do Irã? A ele devemos realmente temer: o sujeito não ri nunca, e só alguém sem senso de humor é capaz de ameaçar o mundo. Já chega a chatice toda do status-quo americano: queremos vilões engraçadosm, e a eles não devemos temer! Sadam Hussein era um chato de galocha, mas eu aposto que o Iraque não teria sido invadido se, em lugar dele, estive no poder o hilário Ministro das Informação Mohammed al Sharaf - aquele que jurava que os americanos não estavam nem a 100kms de Bagda e que tudo não passava de um filme de Hollywood enquanto, ao fundo, os tanques americanos percorriam a rua principal. O maior líder da União Soviética foi Kruschev - responsável pela única genialidade em 80 anos de chatice comunista - que, ao se irritar numa reunião com o americanos, tirou o sapato e começou a bater na mesa, aos gritos. Falta graça aos líderes africanos e o casal Kirchner me faz dormir por três dias seguidos, mas o mundo se torna um lugar um pouquinho melhor quando o Kadhafi resolve ser piadista, o líder da Coréia do Norte troca um reator nuclear por algumas Ferraris e Porsches e o Lula diz que sua mãe nasceu analfabeta. Estivesse no poder em lugar ao certinho Guilherme II, o alucinado Rei da Baviera Lwdwig II teria enchido a Alemanha de castelos sensacionais e festivais de música e não invadido seus vizinhos.

Já que o mundo é um circo, não é muito pedir que, ao menos, os palhaços sejam bons.

5 comentários:

Marylua Sinoti disse...

Bravo!

clasaadi disse...

Fique vc sabendo que o Chirac falando era mt, mas mt engraçado. Fofinho tá de prova, vc q devia perder com a tradução, haha

Dr. Edward Pointsman disse...

Não é o jeito de falar, são as atitudes. O que o Chirac fez nos seu mais de 10 anos na presidência da França que tenha sido digno de registro? O Sarkozy em um ano já foi muito mais legal que ele em 12 - descasando, casando com modelo a cantora, correndo, pulando, tirando férias no iate, bagunçando reunião de cúpula, reunindo Syria e Israel na mesma mesa, e zás...

Anônimo disse...

bom texto sobre o filme. leia se tiver tempo/vontade:

http://ogargantadefogo.org/2008/07/18/o-cavaleiro-das-trevas/

caio barros disse...

há palhaços de todo o tipo. os presidentes não precisam de um adorável público. os que escrevem precisam presos dentes.